HORA CERTA

domingo, 2 de maio de 2010

As Gramáticas

Impasse: A Gramática na net.

Um dos melhores atributos de uma língua, no nosso caso o português, é o seu caráter dinâmico. Isso quer dizer que a língua se modifica com o tempo. A sociedade que a utiliza como código de comunicação inova essa produção de acordo com suas necessidades, desejos, preocupações. Aparece uma nova doença, tem que dar a ela um nome. Alguém inventa uma nova geringonça, dá certo. Tem que se dar um nome. Para os seres humanos, que normalmente, vivem em grupos, é imprescindível a denominação das “coisas”. Para nós, seria um caos, se todas as coisas ao nosso redor tivessem nomes como “coisa”, “coisinha”, “coiso”, “coisinho”, “negócio” e “negocinho”.
É maravilhoso o falante ter o poder de inventar palavras, cortá-las, modificá-las. Recriar uma palavra ou expressão, dar significações diferentes a palavras já existentes e tanto mais que a liberdade linguística ofereça é de domínio social e coletivo. Seguem também ideologias impostas - essa proposição bem merece uma discussão mais aprofundada, fica em aberto. Tudo isso demonstra a criatividade, maturidade e identidade de um povo, de uma sociedade.
Mas o professor da Língua Portuguesa sofre uma pressão muito grande. De um lado, a postura da linguística que valoriza a efetivação da comunicação e acata os desvios da ngb; de outro, a imposição das normas gramaticais brasileiras, que inclusive serão cobradas em exames seletivos pós-escola; de outro ainda, as novas tecnologias da comunicação que possibilitam uma ampla liberdade de criação. Sim mistura o português com outras línguas, faz síncopes inusitadas da nossa própria língua...
Esse mecanismo de incorporar numerosas variações ao falar do brasileiro já é tradição. Nossa língua é um cadinho maravilhoso. Como somos um povo miscigenado, somos flexíveis a muitas inovações...

Mas, pergunto a vocês:

E em nosso blog????? Que linguagem iremos privilegiar?????

Deixar de escrever, nem pensar!!!!!!!

Elementos incorporados da net, alguns são maravilhosos: q, bjo, xero, aki, tah, entre outros próprios de um diálogo escrito... Muitos desvios estão presentes na oralidade, na escrita e na eletro-escrita da nossa produção. Por outro lado, a escola adota a linguagem oficializada... Aí fica um impasse. Estamos convivendo bem. Poucos desvios aceitos, mas, prestar mais atenção ao texto escrito no internetês a publicar é uma tarefa-sugestão. Afinal nosso texto é a marca da nossa escola, também da nossa instrução.

Machado de Assis escreveu: “o pior pecado depois do pecado é a publicação do pecado.”


3 comentários:

  1. Aceitamos os desvios, segundo a linguística e damos vazão à liberdade do falante. É enquanto escola que devemos prezar pela linguagem ensinada na escola. Fazemos revisão de textos,o que é comum a qualquer publicação. Não é possível revisar comentários. Não vejam a postagem como carão, mas como um lembrete. Fazemos uma comunidade escolar. Essa comunidade transmite as correções, segundo a ngb.

    ResponderExcluir
  2. Sua preocupação é pertinente e tenho a ousadia de atualizar a frase machadiana:"o pior pecado depois do pecado é a publicação do pecado na internet."

    ResponderExcluir
  3. Ednalva, em 06/05/2010
    A linguagem adotada no mundo virtual requer habilidade de escrita rápida para esta geração net, que provoca preocupações aos professores, já que o discurso utilizado nas sala de batepapo caracteriza-se por frases curtas e abreviações, sendo que a frequente utilização dessa linguagem pode interferir nas produções textuais pelos alunos. Cabe a escola não se afastar da linguagem formal, assim vem ajudar ao aluno a desenvolver seu raciocínio, a vencer as dificuldades ortográficas e orientá-los para que a internet não mude os hábitos dessa clientela.

    ResponderExcluir

Ética e respeito aprofundam um comentário responsável