HORA CERTA

terça-feira, 13 de abril de 2010

Diga não às Drogas

DIGA NÃO ÀS DROGAS!!!
Luiz Fernando Veríssimo
Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de "experimenta, depois, quando você quiser, é só parar..." e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", "natural" , da terra", que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do "Chitãozinho e Xororó" e em seguida um do "Leandro e Leonardo". Achei legal, coisa bem brasileira; mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "Amigo" e acabei comprando pela primeira vez.
Lembro que cheguei na loja e pedi: - Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano. Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... "Banda Eva", "Cheiro de Amor", "Netinho", etc. Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: "É o Tchan", "Companhia do Pagode", "Asa de Águia" e muito mais. Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes, então, meu "amigo" me deu o que eu queria, um Cd do "Harmonia do Samba". Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, minha razão de existir. Eu pensava por ela, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais . . . Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show de encontro dos grupos "Karametade" e "Só pra Contrariar", e até comprei a Caras que tinha o "Rodriguinho" na capa.
Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para um grupo de Pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma "música" que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorriamos fazíamos sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a coletânea "As Melhores do Molejão". Foi terrível!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas "miseráveis" e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana, quando comecei a escutar "Popozudas", "Bondes", "Tigrões", "Motinhas" e "Tapinhas". Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido. Quando saia a noite para as festas pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas; uns nobres queriam me mostrar o "caminho das pedras", outros extremistas preferiam o "caminho dos templos". Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa.
Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues. Mas o meu médico falou que é possível que tenham que recorrer ao Jazz e até mesmo a Mozart e Bach. Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas.
Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante; vai perder as referências e definhar mentalmente.
Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte: Não ligue a TV no Domingo a tarde; Não escute nada que venha de Goiânia ou do Interior de São Paulo; Não entre em carros com adesivos "Fui ... "
Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa da Hebe ou se apareceu no Sabadão do Gugu; Mulheres gritando histericamente é outro indício; Não compre nenhum CD que tenha mais de 6 pessoas na capa; Não vá a shows em que os suspeitos façam gestos ensaiados; Não compre nenhum CD que a capa tenha nuvens ao fundo; Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de 1 milhão de cópias no Brasil; e Não escute nada que o autor não consiga uma concordância verbal mínima. Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida é bela! Eu sei que você consegue! Diga não às drogas.

6 comentários:

  1. Gente, peço desculpas pois sei que este texto está um pouco desatualizado. Sei que se fosse agora, Luis F Veríssimo iria incluir nele os forrós eletrônicos e/ou pornográficos,a desgraça brega do arrocha e do calypso e muitas outras porcarias que destroem nossa alma, acabam com o nosso pouco senso crítico e que nos conduzem a uma vida vazia, fútil e cheia de mesmice!

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  2. Prof.º o senhor naum acha q esta sendo radical d + naum?! Eu acho q o senhor deveria respeitar os mais variados tipos de músicas...

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  3. "Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos." duvide daquilo que dizem na propaganda eleitoral, do "eu te amo" dito sobre uma cama redonda de um motel, duvide daqueles que dizem falar em nome de Deus, das promoções dos shopping, duvide, até mesmo, dessa sua desconfiança.
    Professor Gilvan

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  4. Veríssimo alerta as pessoas, sobretudo os jovens que, ao consumir a cultura emitida principalmente por programas da tv aberta e rádios extremamente populares(cultura de massa), analisem a qualidade da composição, percebam os mecanismos da diversão (Absurdo! Até as coreografias, antes originais e criativas, obedecem a um só comando!). Isso para não falar dos apelos escancarados à sexualidade e das alcunhas com que certas bandas denominam o próprio público. Antes de pensar em radicalismos, pensem no respeito, na ética, na poesia. Será que a maior parte dessas composições tem qualidade para ser consumida por uma sociedade que se pretende cidadã e autônoma? E pelos jovens rebeldes e potencialmente renovadores? Provavelmente, alguns dizem "mas tem exceções". Esses devem fazer um esforço imenso para garimparem tais exceções.
    Sugiro: reflitam antes do consumo! Se caírem em tentação, ouçam também os antídotos. Não aceitem o vazio no lugar da boa essência!

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  5. Meu caro Saulo, em primeiro lugar gostaria de deixar claro que o texto não foi escrito por mim, mas por Luis Fernando Veríssimo. Em segundo que a discussão em questão não está relacionada ao respeito ou não aos mais variados tipos de músicas, mas ao que determinados bandas ou mesmo estilos musicais tem a oferecer. O que podemos tirar de proveitoso, por exemplo, de frases como essa: " Mas se o dinheiro tá na mão a calcinha tá no chão" que, se não me engano é de Saia Rodada? Antes de se sentir ofendido, tente primeiro compreender o que autor quis dizer, qual a mensagem que está por trás do seu texto! Tenha certeza que a crítica do autor vai muito além da qualidade das letras destas músicas! Pense sobre isso, pois como diz Luis Fernando Veríssimo “ Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante; vai perder as referências e definhar mentalmente.”
    Um abraço!

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  6. EU Adorei Esse texto.Quando ele foi passado na sala pelo Prof. Rafael, achei o máximo, pois talvez tenha servido pra 'alertar" os próprios alunos do que eles andam ouvindo...
    Na verdade as porcarias que eles andam ouvindo...E se não se concientizarem vão acabar como no próprio texto diz:" Vão acabar Alienados".
    Esses "tipos de musicas" não acrescentam em nada a vida d um ser humano, letras ridículas, coreográfias "pornográficas" e entre outras.
    E Viva a Boa Música!!!
    Sou Amante da boa Música e me orgulho disso!!!
    E pra vocês que não são...Eu lamento!!
    BjO Galera! O blog ta bem legal!!!!

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