HORA CERTA

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sobre polêmica da cartilha da Língua

MPF arquiva processo sobre livro com "nós pega"

Obra distribuída pelo MEC causou polêmica por defender erros de concordância na fala

iG São Paulo | 04/07/2011 11:29

Texto:

O Ministério Público Federal (MPF) arquivou o inquérito civil instaurado contra o Ministério da Educação (MEC) para apurar irregularidades na distribuição para turmas de jovens e adultos do livro didático Por uma vida melhor.

O livro causou polêmica porque tem frases com erro de concordância em uma lição que apresenta a diferença da norma culta e a falada. No texto, a autora da obra defende que os alunos podem falar de “jeito errado”, mas devem atentar para o uso da norma culta, cujas regras precisam ser dominadas.

A revelação dos trechos foi feita pelo iG. Em um capítulo chamado "Escrever é diferente de falar", os autores afirmam que é possível dizer que “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” e que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.

De acordo com o procurador da República no Distrito Federal Peterson de Paula Pereira, “não há elementos plausíveis indicativos de que o livro Por uma vida melhor esteja a propagar o ensino errado da língua portuguesa”.

Cerca de 484 mil exemplares da obra foram distribuídos. Desde o início da polêmica, o MEC se negou a recolher o material sob o argumento de que eles não estavam incorretos, mas apresentam o debate sobre as variações linguísticas.

A Academia Brasileira de Letras (ABL) condenou a posição da autora e criticou o MEC por defender o livro. Por causa da polêmica, o ministro Fernando Haddad foi convocado ao Senado para explicar a questão e foi criticado pela oposição.

No pedido de arquivamento do caso, ele defende que a discussão sobre o livro na mídia transmitiu “a ideia de que o livro pudesse ensinar a língua portuguesa de modo errado aos estudantes, quando, na verdade, o Ministério da Educação propôs à sociedade a introdução e reflexão acerca da linguística”.

O procurador argumentou que “o estudo do comportamento da língua, pelo contrário, reafirma o papel social do Estado em fomentar o respeito à dignidade da pessoa humana e afastar preconceitos, entre os quais o linguístico, que, como comprovado pelas recentes publicações jornalísticas, infelizmente ainda existe no nosso meio”.

* Com Agência Brasil

3 comentários:

  1. o preconceito seja do que for... é muito ruim!
    mas sempre tem alguem com alguma atitude preconceituosa...
    Doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), além de tradutor, escritor e lingüista, Marcos Bagno é autor de Preconceito lingüístico - o que é, como se faz (Edições Loyola). Bagno tenta desfazer a idéia preconceituosa de que somente quem fala de acordo com a Norma Culta é que fala a nossa língua.

    Bagno afirma que "o preconceito lingüístico se baseia na crença de que só existe uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogadas nos dicionários (...)".

    Logo no primeiro capítulo, ele aponta oito MITOS do preconceito lingüístico, que são:

    1. "A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente"
    2. "Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português"
    3. "Português é muito difícil"
    4. "As pessoas sem instrução falam tudo errado"
    5. "O lugar onde melhor se fala português é no Maranhão"
    6. "O certo é falar assim porque se escreve assim"
    7. "É preciso saber gramática para falar e escrever bem"
    8. "O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social"

    Em seguida, o autor destrincha uma série de equívocos cometidos pelos senhores-gramáticos-da-norma-culta. Faz críticas, principalmente, aos que tratam a Gramática da Língua Portuguesa como se ela fosse o deus maior.

    "É um verdadeiro acinte aos direitos humanos, por exemplo, o modo como a fala nordestina é retratada nas novelas de televisão, principalmente da Rede Globo. Todo personagem de origem nordestina é, sem exceção, um tipo grotesco, rústico, atrasado, criado para provocar o riso, o escárnio e o deboche dos demais personagens e do espectador. No plano lingüístico, atores não-nordestinos expressam-se num arremedo de língua que não é falada em lugar nenhum no Brasil, muito menos no Nordeste. Costumo dizer que aquela deve ser a língua do Nordeste de Marte! Mas nós sabemos muito bem que essa atitude representa uma forma de marginalização e exclusão." (BAGNO, p. 44)

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  2. O Dr. Bagno está coberto de razão. O idioma falado pela grande maioria dos brasileiros não pode mesmo ser o português. Tem que ser brasileirês, mas tb deve ter algumas normas, porque, do contrário, cada brasileiro falará uma línguas individual e aí: Iremos nos comunicar bem? A nossa comunicação linguística terá uma unidade? Por isso a polêmica continua.

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  3. com a paralização das greves o governo decidiu
    fazer para ,que os professores volta-sem as atividades realizadas nas aulas .Mas infelizmente no proximo ano ,vai ter denovo as greves e isso me preocupar muitos com os professores e os alunos do ensino médio .e espero que esse ano os professores possam realizar otimas atividades, para que os alunos possam seguir um otimo rumo ao futuro pela frente!!!

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